Escutando a voz da Experiência

Existem decisões na vida que são difíceis de serem tomadas. Decidir fazer uma maratona é uma delas. Pelo menos foi para mim. Lembro da minha empolgação quando de fato decidi e postei aqui para quem quisesse ler.

Mas o mais difícil que decidir realizar uma maratona é decidir deixá-la de fazê-la. E hoje findo minha decisão de não realizar minha primeira maratona neste ano de 2008.

Criei uma grande expectativa para que isso acontecesse. Tenho sido "fiel" nos treinos, tenho mudado meu hábitos alimentares, estou procurando seguir a planilha a risca. Mas tudo isso não é suficiente.

No treino de ontem, o professor Wanderlei me deu vários argumentos para eu não me precipitar em realizar a maratona, mas no fundo eu não queria ouvir nada daquilo. Entretanto, como um ótimo e experiente profissional que é, sei que falou aquilo para o meu bem.

Ele poderia ser hipócrita e dizer "vai lá, você consegue", mas ele preferiu ser coerente e dizer que é preciso MUITO preparo físico até chegar a uma maratona. "O que eu mais prezo é a saúde e maratona machuca", este foi o termo que ele usou. O corpo precisa estar muito bem condicionado para poder enfrentar 42,2 km. "Eu recomendo dois anos de preparo", disse ele.

Quando ouvi isso, pensei: "Meu Deus, restam apenas 3 meses para o dia D."

Confesso que saí do treino muito desmotivada, mas pensando em cada palavra "do grande mestre" que já realizou 22 maratonas.

Hoje, após o longo que acabei não concluindo, por falta de condições físicas e psicológicas, conversei com a professora Mônica. Ela foi muitíssimo sincera comigo a dizer as mesmas coisas que tinha ouvido ontem do Wanderlei. Me explicou que a dor do meu joelho, por exemplo, é o meu corpo dizendo para eu ir com calma. E que é necessário dar tempo para que o corpo "acostume" com a nova rotina de treino.

Falei que iria pensar e tomar uma decisão.

No caminho para casa, lembrei de quando era mais nova e recebia conselhos dos meus pais. Quantas vezes "dei de ombros" e depois ouvi: "Eu avisei!"

Eu confio plenamente na experiência do Wanderlei e da Mônica e por isso tomei a decisão de ADIAR minha maratona.

Eu cheguei em casa tão chateada e contei tudo ao Henrique. Falei que estava "dando um passo para trás". Ele olhou para mim e disse "Muito pelo contrário. Você está dando um passo à frente! Está seguindo o conselho de pessoas competentes que prezam pela sua saúde".

A decisão está tomada. Meus treinos continuarão para que eu esteja preparada de verdade para uma próxima, que ainda decidi qual será.

Este ano vou me preocupar com provas menores e quem sabe melhorar meu tempo nos 10k.

E assim vamos indo. A vida continua e os treinos também. Como diz meu amigo Harry: "Bola pra frente".